domingo, 13 de maio de 2007

Elis & Frank: 2 Anos

Schatz,
Hoje faz 2 anos que eu encontrei você!
"Entre tanta gente chata sem nenhuma graça, você veio
E eu que pensava que não ia me apaixonar
Nunca mais na vida..."
(Nao vá embora, Marisa Monte)

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Indo à Biblioteca

Alguns dias atrás, uma amiga me falou sobre uma Biblioteca Pública que funciona numa espécie de convento da igreja Católica da nossa cidade.
Me disse que lá, eu poderia emprestar livros por até 4 semanas, a custo zero, apresentando apenas o passaporte e fazendo a carteirinha.
Como hoje entregaram minha bicicleta (compramos na 3a feira e a previsão de entrega era de 7 a 9 dias), resolvi experimentá-la, indo até a tal biblioteca.
Peguei minha bolsa made in Brasil, coloquei minha carteira, meu celular, meu pass, uma garrafa de água mineral e lá fui eu, rumo ao desconhecido!
Antes de entrar, respirei fundo e bani todos os pensamentos negativos, tipo: e se a moça da recepção achar que eu sou uma louca por querer emprestar livros em alemão se eu ainda nem consigo falar direito?
Ok, entrei, cumprimentei a recepcionista e disse que eu gostaria de fazer a carteirinha da Biblioteca; ela disse que eu precisava apresentar meu pass; entreguei-o a ela.
Ela me deu um formulário pra preencher, verificou meu pass, anotou alguns dados, me explicou algumas coisas sobre o serviço de empréstimo de livros... e finalmente me disse que eu poderia dar uma olhada na biblioteca e vê se tinha algo que me interessava.
Uma outra moça veio me ajudar e perguntou que tipo de livros eu procurava; eu disse: livros para criança; ela perguntou: qual a idade???
Eu falei: bem... na verdade... são para mim mesma mas como eu ainda nao consigo ler muito bem, gostaria de emprestar livros infantis, com pouco texto...
Esperei que ela risse mas, se ela sentiu vontade de fazê-lo, disfarçou muito bem; se manteve séria e me levou até uma prateleira de livros infantis.
Me mostrou alguns e disse que eu escolhesse de acordo com o que eu acreditava já ser capaz de ler; escolhi 4 livros para crianças de 1a e 2a classe, passei na recepção, pra que eles fossem anotados na lista de empréstimos, agradeci e saí rapidamente.
Nem acredito mas eu consegui.
Quando eu estava voltando pra casa, meu celular toca; era meu marido:
-Baby, onde você está?
-Em frente à igreja, voltando para casa.
-Você realmente foi à biblioteca?
-Sim.
-E então, conseguiu emprestar algum livro?
-Sim, 4.
-Verdade??? :o

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Momentos felizes

"...Certa vez alguém me disse que nao acredita numa VIDA feliz; segundo ela, o máximo que podemos ter são MOMENTOS felizes...
Na ocasião, eu pensei: nossa, que pessoa pessimista!
Mas agora, que já experimentei um pouco mais da vida, estou bastante inclinada a concordar com ela.
Por mais que você faça, que você lute, que você se esforce, tem sempre algo para atrapalhar, para impedir que você seja COMPLETAMENTE feliz; e na maioria das vezes, a gente se concentra mais no que está a atrapalhar do que naquilo que nos faz felizes.
Estamos sempre a esperar que tudo se resolva para só então sermos felizes.
Se há algo que nao está bem, adiamos nossa felicidade para quando isso se resolver.
Começo a desconfiar que nunca haverá um dia em que tudo estará em perfeita harmonia e se continuarmos a esperá-lo, será apenas isso que faremos ao longo da vida: ESPERAR.
Estou pensando seriamente em mudar de estratégia e comer meus morangos apesar de..."


(excerto de email a uma amiga)

domingo, 15 de abril de 2007

Coma os Morangos

"Um sujeito estava caindo em um barranco e se agarrou às raízes de uma árvore.
Em cima do barranco, havia um urso imenso querendo devorá-lo. O urso rosnava, mostrava os dentes, babava de ansiedade pelo prato que tinha à sua frente.
Embaixo, prontas para engoli-lo quando caísse, estavam nada mais nada menos do que seis onças tremendamente famintas.
Ele erguia a cabeça, olhava para cima e via o urso rosnando. Abaixava depressa a cabeça para não perdê-la na sua boca.
Quando o urso dava uma folga, ouvia o urro das onças, próximas de seus pés.
As onças embaixo querendo comê-lo, e o urso em cima querendo devorá-lo.
Em determinado momento, ele olhou para o lado esquerdo e viu um morango vermelho, lindo, com aquelas escamas douradas refletindo o sol.
Num esforço supremo, apoiou seu corpo, sustentado apenas pela mão direita, e, com a esquerda, pegou o morango.
Quando pôde olhá-lo melhor, ficou inebriado com sua beleza.
Então, levou o morango a boca e se deliciou com o sabor doce e suculento.
Foi um prazer supremo comer aquele morango tão gostoso.
Talvez você me pergunte: "Mas, e o urso?" Dane-se o urso e coma os morangos!
E as onças? Azar das onças, coma os morangos!
Às vezes, você está em sua casa no final de semana com seus filhos e amigos, comendo um churrasco.
Percebendo seu mau humor, seu(sua) esposa(o) lhe diz: - Meu bem, relaxe e aproveite o domingo!
E você, chateado(a), responde: "Como posso curtir o domingo se amanhã vai ter um monte de ursos querendo me pegar na empresa?"
Relaxe e viva um dia por vez: Coma o morango. Problemas acontecem na vida de todos nós, até o último suspiro.
Sempre existirão ursos querendo comer nossas cabeças e onças, arrancar nossos pés. Isso faz parte da vida, é importante saber comer os morangos, sempre.
A gente não pode deixar de comê-los só porque existem ursos e onças.
Você pode argumentar: Eu tenho muitos problemas para resolver.
Problemas não impedem ninguém de ser feliz.
O fato de seu chefe ser um chato não é motivo para você deixar de gostar de seu trabalho.
O fato de sua mulher estar com tensão pré-menstrual não os impede de tomar sorvete juntos.
O fato do seu filho ir mal na escola não é razão para não dar um passeio pelo campo com ele.
Coma o morango, não deixe que ele escape.
Poderá não haver outra oportunidade para experimentar algo tão saboroso.
Saboreie os bons momentos. Sempre existirão ursos, onças e morangos. Eles fazem parte da vida.
Mas o importante é saber aproveitar o morango, porque o urso e a onça não dão tempo para aproveitar.
Coma o morango quando ele aparecer. Não deixe para depois. O melhor momento para ser feliz é agora. O futuro é ilusão que sempre será diferente do que imaginamos.
As pessoas vem o sucesso como uma miragem.
Como aquela historia da cenoura pendurada na frente do burro que nunca a alcança.
As pessoas visualizam metas e, quando as realizam, descobrem que elas não trouxeram felicidade. Então, continuam avançando e inventam outras metas que também não as tornam felizes.
Vivem esperando o dia em que alcançarão algo que as deixarão felizes.
Elas esquecem que a felicidade é construída todos os dias.
A felicidade não é algo que você vai conquistar fora de você. A felicidade é algo que vive dentro de você, de seu coração".
(Roberto Shinyashiki, em O Sucesso é Ser Feliz)

domingo, 25 de março de 2007

6 meses depois...

Hoje eu completo 6 meses vivendo na "Terra da batata, do chucrute e da cerveja" e resolvi fazer um balanço do que eu sentiria falta (e do que eu não sentiria falta de jeito nenhum) caso fosse embora hoje.
Então, vamos lá!

Do que EU sentiria falta:


- da família do Schatz, que é minha 2a família;
- dos amigos que fiz aqui;
- da qualidade do Sistema de Transporte Público, apesar de que quase nunca uso;
- das ótimas estradas;
- das ruas sempre limpas;
- do respeito dos motoristas para com os pedestres e ciclistas;
- de quase nunca ouvir uma buzina;
- da segurança (poder sair de casa sem a neura de verificar "trocentas" vezes se a porta está realmente fechada);
- da pontualidade germânica;
- dos chocolates;
- das mil e uma coisas que existem aqui para facilitar a vida da dona de casa;
- do telefone Flatrate,
- de fazer chamadas internacionais a um custo baixíssimo;
- da Internet de altíssima velocidade;
- da programação da TV (aguentar o Faustao no domingo novamente seria de morrer);
- de poder assoar o nariz na hora que eu quiser sem ter a preocupação de me olharem feio;
- do Outono (as árvores com suas folhas alaranjadas);
- da Primavera (amo ver as flores enfeitando casas e jardins);
- das tardes passeando com o Schatz (normalmente, ele chega do trabalho às 15hs e sempre saímos para fazer alguma coisa; agora estou aprendendo a andar de Inline skate);
- de caminhar nos lindos Parques;
- de dar comida aos cisnes no rio Main (apesar de que é proibido);
- de visitar os inúmeros museus, zoos e castelos que existem aqui;
- dos Weihnachtsmarkts (lindos!);
- da proximidade dos demais países da Europa;
- das compras, principalmente roupa de inverno: boa e barata;
- do Ikea;
- do meu Sprachkurs;
- do silêncio;
- da neve…

Do que eu NAO sentiria falta:

- das Operadoras de Caixa de Supermercado que parecem estar SEMPRE com TPM;
- dos fumantes por todo lado, inclusive em locais fechados;
- da água com gás (detesto);
- da culinária alemã;
- da obrigatoriedade de ficar completamente pelado pra poder entrar na Sauna;
- do inverno que parece não acabar nunca! amo a neve mas detesto o frio, os dias muito curtos e escuros.


Como vocês podem ver, a lista dos "prós" ainda é bem maior que a lista dos "contras" (que continue assim!), então, vou ficando por aqui. ;-)


terça-feira, 6 de março de 2007

Não tropece na língua

Às vezes saber um pouco é mais perigoso do que não saber nada. O que é um "Halver Hahn"? "Eine Billion" não é um bilhão? Como se diz "celular" em alemão? E onde está rolando essa "wasserfest"?

Uma palavra é uma palavra. Mas um termo mal interpretado também pode redundar em espírito festeiro frustrado, erros contábeis astronômicos, saladas e pudins de leite gorados, comer porco por vaca e constrangimentos de toda ordem. E aqui, o complexo idioma germânico não é exceção.
O risco é tanto maior quanto mais você confia em seu poder de dedução e no "pouquinho" do vocabulário que conhece. Sobretudo no alemão, que permite criar novos conceitos por mera justaposição de termos, a simples dedução é uma faca de dois gumes. Não só ocorrem, no dia-a-dia, variações a partir do significado original, como há empregos figurados, falsos cognatos, desvios semânticos e adaptações arbitrárias à realidade local.
A seguir, um rápido guia para se livrar de algumas das armadilhas mais comuns para turistas e recém-chegados:

Billion – Alguém lhe prometeu "eine Billion Euro". Alegre-se mesmo: você será trilionário! Não é um erro de digitação: entre a ordem de grandeza Million (10^6) e Billion (10^12), o idioma alemão tem Milliarde, o equivalente ao nosso bilhão.
Wasserfest – Wasser é água. Bem, já que Oktoberfest é "festa de outubro" (comemorada em Munique, diga-se de passagem, no final de setembro), wasserfest só pode ser alguma festa aquática, certo? Errado: o "fest" neste caso nada tem a ver com festividade, é um adjetivo significando "firme", "resistente", portanto "à prova de". Da mesma forma, feuerfest é "à prova de fogo".
Não há como negar: além de ser, sabidamente, o lugar mais perigoso da casa, a cozinha também é o mais propício a equívocos lingüísticos:
Chicoree x Endivien – Ambas são verduras, ambas meio amargas e podem ser comidas cruas ou cozidas, mas têm aparências completamente diferentes. E nomes tão... lógicos. Só que, acredite se quiser, a lógica funciona exatamente ao contrário em alemão: endiva (também conhecida como endívia belga ou endives: folhas pontudas e lisas, verde esbranquiçado) é Chicoree; enquanto a chicória (chicarola ou escarola: folhas largas e crespas, verde-escuro) é Endivien. Durma-se com um barulho desses! A chave do mistério é que ambas pertencem ao gênero botânico Cichorium.
Porco ou vaca? – No restaurante você pediu Fleisch, que quer dizer carne, claro. Portanto, salvo indicação em contrário, bovina, como no Brasil. Será? Então, o que é que este pedaço de porco (Schwein) está fazendo no seu prato? Um tipo de situação que demonstra o quanto de história, economia, sociologia, hábito, gosto, etc., se esconde por trás de um conceito banal. O default – valor padrão – para "carne" na Alemanha é porco, o principal animal de corte na pecuária e na gastronomia nacionais. O termo específico Schweinefleisch costuma ser reservado para contextos ambíguos. Contudo vem-se tornando mais freqüente, devido a uma maior sensibilização para os tabus alimentares islâmicos e judaicos. A carne bovina é normalmente especificada como Rindfleisch.
Nuss – Um caso semelhante: embora seja um termo genérico e conste do dicionário como "noz", o default para frutos secos na língua alemã é avelã (Haselnuss). Noz é Walnuss.
Kondensmilch – Você está morrendo de saudades do Brasil. Nenhuma jabuticaba à vista, a única cura seria um belo pudim de leite condensado. No supermercado, que surpresa, o Kondensmilch é vendido em caixinhas de papelão. Você segue a receita à risca e o pudim sai um horror. O que aconteceu? O Kondensmilch da Alemanha não tem açúcar, é um leite mais espesso, para temperar o café sem esfriá-lo muito. Mas seu sonho de um pudim ainda não está perdido: ou pergunte por Milchmädchen, da marca também popular no Brasil, ou – em geral, mais fácil de achar e mais barato – recorra ao "gezuckerte Kondensmilch" das lojas de produtos asiáticos.
Halver Hahn – Se você pedir um "meio galo" num bar ou restaurante de Colônia, receberá apenas um pãozinho de centeio com (muita) manteiga, duas fatias grossas de queijo gouda e um montinho de mostarda. Um equívoco intencional, nascido do safado humor renano.
"Das ist mir zu viel!" – Você fez uma proposta a alguém, a pessoa respondeu assim, e você pensa que está abafando. Afinal, a tradução literal é: "É demais para mim!". Condolências: você acabou de levar um fora e nem sabe. Enquanto para um brasileiro o excesso é positivo, "ser demais" é percebido pelos alemães como negativo. Interessante objeto de estudo para filólogos, psicólogos e sociólogos.
Como se diz "telefone celular" em alemão? – Esta é para adiantados. Os alemães não falam ao "Zelltelefon" (como brasileiros e norte-americanos), nem por "Mobilfon" (mobile para os ingleses, telemóvel em Portugal), ou "tragbares Telefon" (portable na França), e muito menos "Telefönchen" (telefonino na Itália). Aliás, cada país parece querer ser mais original do que o outro ao dar nome a esse melhor amigo do ser humano moderno. A denominação do celular na Alemanha (e Áustria) é um pseudo-anglicismo: Handy ou (horror supremo!) Händi. Também adotado em vários países asiáticos, o vocábulo vem do inglês, não está bem claro se a partir de handphone (telefone de mão) ou handy phone (telefone prático).
É, às vezes o alemão não é tão fácil quanto parece. Mas não perca a coragem!
Fonte: DW-World