terça-feira, 10 de agosto de 2004

Tudo vai dar certo

Nas histórias infantis, nos fil­mes de aventura, na mitologia, os heróis sempre têm de passar por momentos horríveis antes de chegar ao final feliz. Antes de alcançar o que buscavam. Se não fossem eles tão persistentes, o mal venceria o bem. Se não enfrentassem o perigo, lutassem com o inimigo e socor­ressem os amigos, perderiam a batalha, pois nem a sorte os ajudaria. Esse é o caminho e é justamente nele que encon­tramos a nossa força. A fé de que tudo vai dar certo. Porque no fundo, no fundo sabemos que o natural é tudo dar certo. Mas uma das tentações do percurso é nos fazer resistir a essa certeza, assombrando nossos planos com dúvidas e medo.
Não quero desistir. Decidi e está decidido. Quero chegar a um final feliz porque sei que posso. E você também pode. E todos podemos! Posso ter um relacionamento bom, sim. Posso ser amada. Posso mudar para melhor. Posso obter sucesso com meu trabalho. Posso ganhar dinheiro. Posso perder um pouco de alguma coisa e ganhar outro tanto de outro algo. Posso passear e me divertir. Posso ter uma família feliz. Posso perdoar minhas fal­has. Posso suportar perdas. Posso aceitar o diferente. Posso estender a minha mão. Posso pedir um abraço. Posso chorar quando ficar triste. Posso dar pulos de felicidade. Posso ouvir palavras duras e tirar delas uma grande lição. Porque tudo isso são as minhas escolhas. E é essa liberdade de escolha que assusta. No entanto, podemos fazer dela uma maravilhosa aliada. Não importa se errarmos. Se o príncipe virar sapo, se o carro quebrar na partida, se a casa tiver goteira em um canto ou outro, se a proposta for recusada. Teremos ganhos. Sempre. E novas escolhas por fazer, já com as lições aprendidas. É assim que a gente acaba vivendo feliz para sempre. É assim que escrevemos a nossa história.
Há fases que são difíceis mesmo. Tudo acontece ao mesmo tempo e você pensa que não vai dar conta. É aí que começa o bom da história, e eu estou bem nesse momento. Tenho mil sobressaltos. Como barras e barras de chocolate para aplacar minha ansiedade, choro vendo desenho animado, acho que o chão vai se desfazer sob meus pés e tenho ataques de embotamento profundo diante da tela do computador. Quero voltar atrás, brigo comigo mesma para que tudo seja como antes e maldigo três vezes todas as mudanças. Mas quando me acalmo — e isso significa , ler, andar, orar, conversar com um amigo — agradeço esse momento. É a primeira vez que as escolhas são minhas e isso me dá uma disposição danada para continuar na luta. Meio histérica, mas muito feliz... E assustada... E excitada... E animada... Porque tenho certeza de que tudo vai dar certo. Nada acontece à toa. Estamos no caminho e é isso que importa. Mas que é um estresse... ah, isso é.


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