quarta-feira, 20 de outubro de 2004

Inspiradora

Mas, pelo menos, não fui Salomé. Não desejei a cabeça de ninguém. Jamais fui uma vampiro. Sempre fui uma inspiradora. Se me negaste os "teus lábios, Johannes", e o teu amor, eu tive a frescura espiritual da "Jovem América" para te desejar boa viagem através da virtude. Boa viagem, mas não adeus, pois que a tua amizade foi uma das cousas mais belas e mais sagra­das de minha vida. Assim talvez que a ocidental tenha mostrado mais sabedoria do que a sua irmã oriental. "Quero os teus lá­bios, Johannes — teus lábios", e não a tua cabeça numa salva de prata. Isso desejaria a vampiro, e não a inspiradora. "To­ma-me. Ah, não queres? Então, adeus, e pensa em mim. Pen­sando em mim, farás talvez grandes cousas."

(Trecho de: Isadora - Memórias de Isadora Duncan, famosa dançarina americana)

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